Corações ao Alto, 1993
Zinco, madeira, tinta
Hearts Séries,1993
Zinc, wood, tint
Na indecisão entre o geométrico e orgânico, Corações ao alto, Coração e Cem Coração de 1993, estabelecem o tema do corpo sobre a escala inferior de objetos de chão, fechados sobre si próprios na alusiva referência ao título, também evocando a forma do coração com as diferentes câmaras/ventrículos estilizados. Em Corações ao alto Cláudia Amandi adota a forma esquemática e convencional do coração, como uma copa, dando-lhe um tratamento gráfico. As duas peças que formam o conjunto parecem contornos de uma ideia abstrata de coração, como a concretização possível de um desenho, extensão figurativa de uma ideia. Mas o aspeto mais marcante deste trabalho, na sua relação com os trabalhos seguintes, envolve a combinação do processo da gravura com a escultura. Na verdade, Cláudia Amandi associa o mesmo material da gravura – a chapa de zinco – submetendo-a a banhos de ácido na técnica de gravura da água-forte, provocando texturas e uma “pele” na superfície metálica. Nesta combinação de modos expressivos complementares, Cláudia Amandi explorou as diferentes versões estilizadas dos “corações” em inúmeros desenhos e gravuras, num processo paralelo de enriquecimento de ideias na qual a figura e conceito de Coração, enquanto metáfora do corpo, assume uma dimensão formal abstrata, mas uma epiderme concreta, sensível.
Cem Coração adota uma forma singular, onde dentro de uma membrana de chapa dobrada se contêm diversas repetições e variações internas na sugestão de um labirinto. Onde as peças “irmãs” da série oferecem opacidade e uma sensação densa, Cem Coração sugere a materialidade do vazio interno, do volume construindo espaço. As peças dentro das peças sugerem uma ideia de inclusão infinita, segmento numa constante redução de escala, como o jogo das bonecas russas - ‘matrioskas’ - que se incluem umas dentro das outras.
As séries dos corações funcionam também como objetos miniaturais pela escala relativamente reduzida e pela colocação no chão. As suas formas angulosas e geometrizadas não podem deixar de aludir a uma certa ideia de casa. A casa/coração, funcionando não só como espaço de circulação de energias e fluxos, mas também como modelo doméstico de estabilidade e sentido de lugar. Este conjunto de trabalhos ainda escolares, enquanto foram feitos na escola, apontam já para ideias concretas sobre a forma e o sentido metafórico das figuras, dos nomes e das relações. A forte presença física e a singularidade no tratamento dos materiais e das técnicas serão prosseguidos como um fator recorrente ao longo do trabalho artístico subsequente.
Cem Coração adota uma forma singular, onde dentro de uma membrana de chapa dobrada se contêm diversas repetições e variações internas na sugestão de um labirinto. Onde as peças “irmãs” da série oferecem opacidade e uma sensação densa, Cem Coração sugere a materialidade do vazio interno, do volume construindo espaço. As peças dentro das peças sugerem uma ideia de inclusão infinita, segmento numa constante redução de escala, como o jogo das bonecas russas - ‘matrioskas’ - que se incluem umas dentro das outras.
As séries dos corações funcionam também como objetos miniaturais pela escala relativamente reduzida e pela colocação no chão. As suas formas angulosas e geometrizadas não podem deixar de aludir a uma certa ideia de casa. A casa/coração, funcionando não só como espaço de circulação de energias e fluxos, mas também como modelo doméstico de estabilidade e sentido de lugar. Este conjunto de trabalhos ainda escolares, enquanto foram feitos na escola, apontam já para ideias concretas sobre a forma e o sentido metafórico das figuras, dos nomes e das relações. A forte presença física e a singularidade no tratamento dos materiais e das técnicas serão prosseguidos como um fator recorrente ao longo do trabalho artístico subsequente.