Fortaleza, 2001
Cartas de jogo coladas
178 x 75 cm
Fortress, 2001
Glued Cards
178 x 75 cm
Uma das linhas características do trabalho de Cláudia Amandi é o uso de materiais comuns e quotidianos, deslocados e reconfigurados em novas funções. Parte de uma poética do uso de elementos acessíveis, relativamente banais e excedentários pela sua abundância. Essa estratégia de uso de matérias comuns permite também relacionar o objeto com o significado ou função do elemento utilizado. Em Fortaleza, Cláudia Amandi toma o motivo do castelo de cartas, construindo um cilindro onde o carácter elementar e fechado da forma contrasta com a delicadeza e transparência do processo construtivo, transmitindo a expressão simultânea de força e fragilidade. A transparência e delicadeza da peça evoca um trabalho de filigrana, revelado também pela sua relação com a luz, num ambiente semiobscurecido.
Tal como em outros trabalhos anteriores e futuros, explora-se este sentido de montagem paciente e padronizada de um elemento, construindo a forma por estruturação de módulos. Também, tal como em outros trabalhos, existe uma linha difusa de comunicação entre a escultura e o desenho, pela qualidade do material – cartas de jogar – que se afirmam como imagens em suporte de papel. O objeto em si, retomando o motivo do castelo de cartas, evoca a modalidade emocional da paciência, do jogo lúdico da mente num estado de distanciamento repetitivo, articulado com o significado expresso da forma visual e do título. A Fortaleza como um espaço de proteção, neste caso de frágil equilíbrio, sustentado como exercício de paciência e vigilância.
Fortaleza prolonga também o sentido da escultura como marcação de um espaço, cujo antecedente imediato é a escultura “Aqui”, também cilíndrica. Ambas estabelecem um sentido de marcação, mas também uma relação de escala com o espaço, a partir de uma presença vertical que introduz igualmente um valor de monumentalidade.
One of the features of the work of Cláudia Amandi is the use of common and daily materials, displaced and reused in new functions. It creates a poetics of accessible elements, relatively banal and abundant. This strategy of using common materials can also relate the object to the meaning or function of the element used. In Fortress, Claudia Amandi takes the element of the House of cards, building a cylinder where the elemental and closed nature of the form contrasts with the delicacy and transparency of the constructive process, transmitting a simultaneous expression of strength and fragility. The transparency and delicacy of the piece evoke a filigree work, revealed also by its relationship with the light, in a partially obscured environment.
As in other previous and future works, Claudia Amandi explores this sense of patient and standardized building of an element, assembling form by structuring modules. Also, as in other works, there is a fuzzy line of communication between the sculpture and the drawing, the quality of playing as images on paper. The object itself, the House of cards, evokes an emotional kind of patience, the playful game of the mind in a State of repetitive detachment, articulated with the meaning expressed in the visual form and title. The fortress is a protective space, in this case of fragile balance, patience, and sustained surveillance.
Fortress extends also the sense of sculpture as a space, whose immediate antecedent is the sculpture" Here ", also cylindrical. Both establish a sense of signal, but also a relationship of scale to the space, from a vertical presence that also introduces a suggestion of monumentality. (I)