Landscape, 2006 24 painéis Kline A4, alfinetes, alumínio 90 x 120 cm É precisamente nesse contexto de referências de paisagem e de acumulação que Cláudia Amandi realiza Landscape, uma espécie de versão tridimensional e táctil de Desenhos Vazios. Tal como no início da carreira, ainda na Escola de Belas Artes, Cláudia Amandi relaciona o desenho e a escultura como uma forma híbrida de materializar o pensamento. Entre a tactilidade e evidência material do desenho e a dimensão gráfica, linear e compositiva da escultura. No caso específico de Landscape, combinam-se vários painéis horizontais onde se espetam alfinetes, que no que lhe concerne, vão modelando a superfície como traços de um desenho. As suas sombras contribuem também para a textura do trabalho, para a sugestão de terreno e de floresta expandidos no espaço vazio das bases. A estrutura modular de Landscape sugere a possibilidade de uma repetição indefinida do espaço. Cada painel é uma amostra de um conjunto de dimensões e escala virtualmente infinita. Tomando o mesmo conceito de abstracção e repetição de Desenhos Vazios experimenta-se o equilíbrio instável entre o espaço vago e desocupado e a mancha de presenças evocativas de multidão, ruído, densidade. A aleatoriedade de presenças dos alfinetes acompanha uma sensibilidade compositiva atenta à paisagem como campo absorvente da percepção, ou seja, um espaço que se estende em profundidade até um limite atmosférico. Essa relação com o espaço variado, mas simultaneamente padronizado da paisagem é transmitida pelo sentido modular e pela mancha de alfinetes s em distribuição contínua de cheios e vazios. No entanto, o carácter abstracto e sintético deste trabalho evoca a paisagem como uma ausência de linguagem, de significado. Apresentado numa mesa, sugere uma vista aérea, permitindo explorar as sombras dos alfinetes sob a luz do teto. O efeito ascético e transparente evoca um campo de um silêncio, sem som, vozes e palavras. O espaço desta paisagem confronta o olhar com a neutralidade, face à qual a consciência sente desconforto e desadequação. A impassibilidade do espaço é sublinhada pela repetição e variações indiferenciadas e pelo carácter de permutação dos elementos, sugerindo a impossível transformação através, da acção humana. |
Landscape, 2006 24 panels Kline A4, pins, aluminium 90 x 120 cm Landscape is like a solid version of Empty Drawings. Cláudia Amandi explores the relationship between sculpture and graphic marks, by arranging small pins on a modular surface, like signs and dots in a blank sheet. Shadows stress this concept of image and also, the depiction of a forest and land. Landscape uses a modular display of flat surfaces, with its relation of emptiness and presence. The multitude of pins could stand for people, trees, noise interference, and abstract density. The space flows into an atmospheric horizon with its structure of patterns and changes. This “landscape” is also an absence of language, a field of silence and natural forces, strange to human will. (I) |
Galeria Kubik, Lisboa 2006.